quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Os primeiros Kanjis*


Eu deveria ter uns 5 ou 6 anos quando comecei a rabiscar as primeiras letrinhas em japonês.

Calma! Não sou nenhum prodígio, eu explico: minha avó materna naquela época tinha uma grande horta, e eu não saía da casa dela, as sementes de legumes e hortaliças que ela plantava eram compradas em uma lojinha de um japonês, e invariavelmente, o japonês embrulhava
os envelopes com as sementes em algum jornal da comunidade japonesa, tudo escrito em japonês.

Muitas vezes eu pegava um caderno ou papel qualquer, uma página daquele jornal e ficava copiando aquelas "letrinhas" todas trabalhadas
e cheias de "perninhas". Muitas tinham o formato daqueles templos japoneses, principalmente o formato dos telhados.

Eu ainda nem escrevia meu nome em nosso idioma, sequer havia entrado na escola. Mas eu gostava de copiar aquelas letrinhas difíceis que quase nunca se repetiam. "Como conseguem ler isso? Como conseguem lembrar de tantas letrinhas daquelas?", eu me perguntava. Bom, hoje eu sei como.
Com 7 anos entrei na escola e aprendi as letrinhas do nosso idioma, os caracteres romanos. As letrinhas japonesas caíram no esquecimento por um certo tempo.

Anos mais tarde, estrearam na TV dois seriados japoneses que eram as coisas mais incríveis que um moleque de 13 anos poderia conhecer: Jaspion e Changeman. Além do ineditismo (para nós na época) do formato destes dois seriados, eles traziam algo interessante, quando o personagem aparecia pela primeira vez, sempre era mostrada a legenda em japonês com seu nome e, geralmente, a legenda em nosso idioma transcrito em cima do japonês. Eu copiava rapidamente aquelas letrinhas (ou parte delas), na medida do possível, pois era uma época que eu não possuía vídeo cassete ou algo do gênero que pudesse gravar e pausar depois.

Não vou me alongar muito nas explicações, mas foi assim que de grão em grão eu fui aprendendo as sílabas (sim, sílabas) de uma das três vertentes da escrita japonesa. E eu demorei um bom tempo para descobrir que cada caractere daquele não equivalia a letras como A, B, C, D... mas sim sílabas A, BA, KA, FU, MA, NA, MO... (isso sem contar quando o nome adaptado pela dublagem não condizia com o nome original japonês).
E daquela época em diante, de maneira autodidata fui aprendendo o idioma japonês, fazendo amizade com outras pessoas pelo Brasil, conseguindo livros e revistas do Japão, seriados e desenhos que ainda não passavam aqui e, pra entender o que falavam, eu tinha que estudar o idioma, como dizem "a necessidade faz o ladrão".

*Kanjis são ideogramas em japonês, aquelas "letras" mais complexas e cheias de riscos, onde - geralmente - cada uma significa uma palavra, idéia ou objeto. Para entender o idioma com certa fluência, deve-se conhecer pelo menos uns 4 mil deles.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

De novo, de novo e de novo...


Um homem entra numa palestra e conta uma piada. Todo mundo ri.

Ele, então, conta a piada de novo. Alguns dão risada.

Ele conta a piada pela terceira vez. Ninguém ri.


Ele sorri e diz:


Engraçado como vocês não são capazes de rir da mesma piada de novo e de novo, mas continuam chorando pela mesma coisa de novo e de novo...